O ruralismo pedagógico, dominante nas primeiras décadas do século XX, tratava o campo como um espaço de atraso, cuja função educativa era preparar os sujeitos rurais para se adaptarem às exigências da cidade ou ao trabalho subordinado no campo. Essa visão reforçava estereótipos e desconsiderava os saberes, culturas e modos de vida camponeses, indígenas, quilombolas e ribeirinhos, em plena mudança pela Escola Nova.
Com a mobilização de movimentos sociais e o acúmulo de experiências populares no campo e suas contradições, emergiu uma nova concepção de educação, de pedagogias outras: a Educação do Campo, a Educação Escolar Quilombola, a Pedagogia do Axé. Elas reconhecem, de modo decolonial, a diversidade dos sujeitos do campo, das águas e florestas, bem como povos de terreiros e articula o direito à educação diferenciada com os projetos de vida e de território das populações camponesas, quilombolas, de axé e originárias. Dentro dessas perspectivas, ganha destaque as modalidades de ensino da Educação do Campo das Águas e Florestas, desde o final da década de 1990 que se ancoram nos modos de vida dos povos das florestas, das águas, dos rios e das ilha, de terreiros — reafirmando suas territorialidades, práticas de cuidado com a natureza, ancestralidades e resistências históricas.
Essa concepções, pedagogias outras, como afirma Arroyo, muitas vezes marginalizadas pelos sistemas de ensino, em transição representa uma virada política e epistemológica: da pedagogia que nega o campo, as águas, os terreiros à educação enraizada nos territórios, que valoriza a relação com a terra, com os saberes ancestrais e com a luta por direitos e justiça socioambiental. Inscreva-se!

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